30.9.09

El Corredor Nocturno



Direção: Gerardo Herrero
Roteiro: Nicolás Saad
Elenco: Leonardo Sbaraglia, Miguel Angel Solá, Santiago Daicz, Erika Rivas
Fotografia: Alfredo Mayo
Montagem: Fernando Pardo
País: Espanha / Argentina
Ano: 2009
Duração: 95min

29.9.09

Five Minutes of Heaven






Direção: Oliver Hirschbiegel
Roteiro: Guy Hibbert
Elenco: Liam Neeson, James Nesbitt, Anamaria Marinca, Mark Davison
Fotografia: Ruairi O'Brien
Montagem: Hans Funck
Música: David Holmes, Leo Abrahams
País: Reino Unido / Irlanda
Ano: 2009
Duração: 90min

28.9.09

12 jurados e uma sentença






Titulo Original: 12 razgnevannyh muzhchin
Titulo em Inglês: 12
Classificação:14
Direção: Nikita Mikhalkov
Roteiro: Nikita Mikhalkov, Vladimir Moiseenko, Alexander Novototsky
Elenco: Nikita Mikhalkov, Sergey Makovetsky, Sergey Garmash, Alexey Petrenko
Fotografia: Vladislav Opeliants
Montagem: Andrey Zaitsev, Enzo Meniconi
Música: Edward Artemiev
País: Rússia
Ano: 2007
Duração: 153min

Julie & Julia

Julie y Julia

Basada en los libros Julie & Julia de Julie Powell y My Life in France de Julia Child y su sobrino nieto Alex Prud’homme. Protagonizada por Meryl Streep (Julia Child) y Amy Adams (Julie Powell).

París en 1948: Julia Child y su esposo Paul (Stanely Tucci) llegan a la ciudad de la luz en pleno resurgimiento tras la Segunda Guerra Mundial. Paul trabaja para una agencia gubernamental y Julia no tiene nada que hacer, no habla francés y no conoce nada del país. Pero así como una mujer conquista a su marido por el paladar, Francia conquistó a Julia con su comida. Julia decidió aprender a cocinar en serio y más que eso: enseñar a sus compatriotas a comer.

Nueva York, 2002: Julie Powell tiene un empleo deprimente, respondiendo llamadas en una agencia de ayuda a víctimas del 9/11, pero sin ningún poder real para ayudarlos. Vive con su esposo Eric (Chris Messina) en un pequeño y ruidoso apartamento encima de una pizzería. Julie descubre su vocación en el libro Dominando el arte de la cocina francesa, de Julia Child, y se propone preparar las 524 recetas en el transcurso de un año.

La película va alternando las historias, en tiempos largos para no perderse ni un solo detalle, tanto de la magistral Meryl Streep, como de Amy Adams.

Julie & Julia es la historia de dos triunfos sobre la adversidad: Julia se convirtió en una de las personalidades más queridas de la televisión estadounidense y Julie aprendió a vivir con gusto. Y aunque pueda considerarse un chick-flick, se disfruta mucho en pareja… ¡y se sale del cine con hambre!. La película, escrita y dirigida por Nora Ephron

ernesto22.wordpress.com


Direção/ Roteiro: Nora Ephron
Nora Ephron
País: Estados Unidos - Ano: 2009 - Duração: 123min

27.9.09

Outrage






Outrage

Direção - Roteiro: Kirby Dick
Kirby Dick
Elenco: Jim McGreevey, Tony Kushner, Larry Kramer
Fotografia: Thaddeus Wadleigh
Montagem: Doug Blush, Matthew Clarke
Música: Peter Golub
País: Estados Unidos
Ano: 2009
Duração: 90min

Zion and his brother






Titulo Original: Zion and his Brother
Direção: Eran Merav
Elenco: Reuven Badalov, Ofer Hayun, Ronit Elkabetz, Tzahi Grad, Liya Leyn
País: Israel / França
Ano: 2009
Duração: 90min

26.9.09

A criada






Titulo Original: La Nana
Direção: Sebastian Silva
Roteiro: Sebastián Silva, Pedro Peirano
Elenco: Catalina Saavedra, Claudia Celedon, Mariana Loyola
Fotografia: Sergio Armstrong
Montagem: Danielle Fillios
Música: Pedro Soubercaseaux
País: Chile / México
Ano: 2009
Duração: 95min

O brilho de uma paixão






Bright Star
Direção: Jane Campion
Roteiro: Jane Campion
Elenco: Abbie Cornish, Ben Whishaw, Paul Schneider, Kerry Fox
Fotografia: Greig Fraser
Montagem: Alexandre de Franceschi
Música: Mark Bradshaw
País: Reino Unido / Austrália
Ano: 2009
Duração: 119min

J'ai Tué Ma Mère










Direção: Xavier Dolan
Roteiro: Xavier Dolan
Elenco: Anne Dorval, Xavier Dolan, Suzanne Clément, François Arnaud
Fotografia: Stéphanie Weber-Biron
Montagem: Hélène Girard
Música: Nicholas Savard-L'Herbier
País: Canadá
Ano: 2009
Duração: 100min


Doce perfume






Titulo Original: Tatarak
Direção: Andrzej Wajda
Roteiro: Andrzej Wajda
Elenco: Krystyna Janda, Pawel Szajda, Jan Englert, Jadwiga Jankowska-Cieslak, Julia Pietrucha
Fotografia: Pawel Edelman
Montagem: Milenia Fiedler
Música: Pawel Mykietyn
País: Polônia
Ano: 2009
Duração: 85min

Arráncame la vida





Direção: Roberto Sneider
Roteiro: Roberto Sneider
Elenco: Ana Claudia Talancón, Daniel Giménez Cacho, José María de Tavira
Fotografia: Javier Aguirresarobe
Montagem: Aleshka Ferrero
Música: Martín Hernández
País: México / Espanha
Ano: 2008
Duração: 110min

25.9.09

Não tem química

É isso que dá ir ao teatro sem ler antes a crítica de Tia Bárbara

Barbara Heliodora: ideias ficam soltas no espetáculo 'Deus é química'

Publicada em 24/08/2009 às 14h44m

Peça 'Deus é química' - Divulgação / Guga Melgar

RIO - Era aguardado com grandes esperanças o novo espetáculo em cartaz no Teatro dos Quatro; tamanha confiança cercava a estreia do primeiro texto teatral de Fernanda Torres que no programa encontramos o nome de cinco patrocinadores e 18 apoios culturais, além da promoção da TV Globo. Os vários nomes famosos ligados à produção, assim como o sucesso de todos os vários trabalhos recentes da dupla Luiz Fernando Guimarães/Fernanda Torres, tornavam óbvia a considerável expectativa a respeito de "Deus é química", e essa expectativa é que torna mais triste o engano geral do espetáculo. A impressão que fica é a de a autora ter captado, no conto de Jorge Mautner, alguma semente de ideia sobre os males contemporâneos que a tentou a criar um texto para o palco, sem maior proveito.

É difícil, no entanto, perceber qual teria sido a dita semente, pois na encenação não se encontra uma única ideia mais original, nada que já não tenha sido mais do que explorado, ficando claro que a tentativa de armar um texto ainda não passou de alguma espécie de primeiro rascunho, já que as ideias ficam soltas, sem a momento algum chegarem a compor algum todo significativo. Faltam humor e acabamento, fica tudo solto e sem nexo.

Encenação confusa e inexpressiva

" Faltam humor e acabamento, fica tudo solto e sem nexo "

A encenação, que tem idealização de Luiz Fernando Guimarães, Fernanda Torres e Hamilton Vaz Pereira e direção artística deste último, é confusa e inexpressiva. A ideia inicial de uma leitura ensaiada não tem razão de ser e é periodicamente abandonada para cenas mal-acabadas que nas mais das vezes servem apenas como tentativa de ilustração da leitura. O tiroteio que tem lugar logo no início tem seu equivalente em falas que parecem metralhadora giratória, atirando para um sem-número de assuntos, sem chegar a dizer nada a respeito de nenhum deles, com marcas desleixadas e/ou inúteis, deixando a plateia sem saber o que pensar daquele amontoado de falta de ideias. Uma inexpressiva trilha sonora de Hamilton Vaz Pereira e Wallace Cardia faz parte da gratuidade do todo, sem chegar a ter justificativa.

É difícil falar em interpretação quando o texto não oferece o menor apoio para o elenco. Francisco Cuoco, Jorge Mautner e Fransergio Araújo fazem personagens sem pé nem cabeça, tendendo para o exagero e o caricatural, enquanto Fernanda Torres se desperdiça em um papel que praticamente não existe. Luiz Fernando Guimarães é um pouquinho mais bem servido e por isso mesmo tem um mínimo mais de possibilidade para explorar o que já faz na TV e no cinema. "Deus é química" não chega sequer a ser uma promessa; mas, como está, é um espetáculo longe de estar em condições de chegar ao palco.

21.9.09

A Música Segunda

Helena Ranaldi e Leonardo Medeiros em A Música Segunda

Texto: Marguerite Duras
Direção: José Possi Neto
Com Helena Ranaldi e Leonardo Medeiros
Teatro Maison de France

20.9.09

E vamos ao que interessa ...



Democracia ateniense online?

Com a internet podemos opinar em política como nunca, mas só jogar ideias na web não resolve


Anand Giridharadas*

SÃO PAULO - Talvez a maior grande ideia a ganhar força durante o último milênio tenha sido a de que nós mesmos, humanos, deveríamos nos governar. Mas ninguém pretendia realmente isso. O que se pretendia, na maioria dos lugares, era que elegêssemos pessoas para nos governar e esporadicamente renovássemos ou revogássemos seu contrato. Isso bastava. Não havia maneira prática de envolver todos, o tempo todo.

As atuais manchetes de Washington apregoam salvamentos financeiros, estímulos, carros velhos, Afeganistão-Paquistão, seguro-saúde. Mas é possível que historiadores futuros, olhando para o passado, se fixem num projeto menos ruidoso do presidente Barack Obama: a exploração de como o governo deve estar aberto a uma maior participação pública na era digital, de como fazer do autogoverno mais que uma metáfora.



Durante sua campanha, Obama disse que "somos aqueles por quem estivemos esperando". Essa frase messiânica encerrava a promessa de um novo estilo de política nesta época de tweets e pokes. Mas isso era vago, um paradigma tratado casualmente em nossos drinques. Até aqui, o gosto tem sido amargo.



Agências federais foram orientadas a liberar online informações antes sigilosas; repórteres de publicações exclusivas da internet foram chamados a coletivas de imprensa; o novo portal Data.gov permite que cidadãos criem aplicativos para analisar dados do governo. Mas os esforços mais reveladores estão na crowdsourcing: a solicitação via internet aos cidadãos para que deem ideias políticas e a permissão para que votem nas propostas uns dos outros.


Durante a transição, a administração criou o Citizen’s Briefing Book (um resumo de sugestões dos cidadãos) online para as pessoas enviarem ideias ao presidente. "As mais bem classificadas chegarão ao topo e, após a posse, nós as imprimiremos e reuniremos numa pasta como as que o presidente recebe todos os dias de especialistas e consultores", escreveu Valerie Jarrett, consultora de Obama, a correligionários.

Foram recebidas 44 mil propostas e 1,4 milhão de pessoas votaram nelas. Os resultados foram publicados discretamente, mas eram embaraçosos - não tanto para a administração quanto para nós, que estávamos esperando por eles. Em meio a duas guerras e ao derretimento da economia, a ideia mais votada foi a legalização da maconha - proposta quase duas vezes mais popular que repelir os cortes de impostos de Bush para os ricos.

A legalização do pôquer online despertou duas vezes mais interesse que uma rede Wi-Fi de alcance nacional. Revogar a isenção de impostos da Igreja da Cientologia recebeu três vezes mais votos que levantar fundos para o tratamento de câncer infantil uma vez no poder, a Casa Branca fez nova consulta via internet. Em março, seu Departamento de Política de Ciência e Tecnologia abrigou um esforço coletivo online sobre tornar o governo mais transparente. Chegaram boas ideias, mas um número espantoso delas não tinha a menor relação com transparência. Muitas eram ainda sobre a legalização da maconha. Travou-se também um debate furioso (e sem fundamento) sobre a autenticidade da certidão de nascimento de Obama.

Se a internet precisava de uma sacudida extra para cair do pedestal, esta foi dada pelo debate sobre o sistema de saúde. Do ponto de vista da administração, a web provou ser melhor em espalhar mentiras sobre "painéis da morte" que em divulgar a verdade, e mais eficaz em provocar brigas em câmaras municipais que em fomentar a discussão sem restrições que muitos imaginam ser o ponto alto da internet.

Há um vigoroso debate em curso sobre o que alguns chamam de Gov 2.0. Um campo vê na internet uma oportunidade sem precedente para trazer de volta a democracia direta no estilo ateniense. Essa visão foi capturada num recente documentário britânico, Us Now, que pinta um futuro no qual cada cidadão estará conectado ao Estado tão facilmente quanto ao Facebook, escolhendo políticas, questionando políticos, colaborando com vizinhos. "Será que podemos todos governar?", pergunta o filme. (Evidentemente, o filme pode ser visto na web.)

As pessoas desse campo apontam para o auxílio que a tecnologia da informação prestou a movimentos populares, da Moldávia ao Irã. Citam a Índia, onde os eleitores agora podem acessar, via mensagem de texto, informações sobre os registros criminais de candidatos ao Parlamento, e a África, onde telefones celulares estão melhorando a fiscalização eleitoral. Assinalam a facilidade de repassar conhecimentos científicos e culturais a um público amplo. Observam como a internet, ao democratizar o acesso a fatos e números, encoraja tanto políticos como cidadãos a basearem suas decisões em mais que intuição.

Mas sua visão de democracia da internet é parte de uma evolução cultural maior rumo à expectativa de que sejamos consultados sobre tudo, o tempo todo. Cada vez mais, os melhores artigos para se ler são os mais enviados por e-mail, as músicas que merecem ser compradas são dos cantores que acabamos de eleger para o estrelato por mensagem de texto, o próximo livro a ler é aquele comprado por outras pessoas que compraram o mesmo livro que você, e a mídia, que antes noticiava para nós, agora publica tudo que pomos no Twitter. Nessa nova era, nosso consentimento é colhido a cada poucos minutos, e não a cada poucos anos.

Um outro campo vê a internet de maneira menos rósea. Seus membros tendem a ser entusiastas da web e da participação cívica, mas são céticos sobre a internet como panaceia para a política. Temem que isso crie uma ilusão falsamente tranquilizadora de igualdade, transparência, universalidade.

"Vivemos numa era de experimentação democrática - tanto em nossas instituições oficiais como nas muitas maneiras informais de que o público é consultado", escreve James Fishkin, cientista político de Stanford, em seu novo livro When the People Speak (Quando o Povo Fala). "Muitos métodos e tecnologias podem ser usados para dar voz à vontade pública. Mas alguns dão um quadro da opinião pública como se vista numa casa de espelhos."

Uma vez que é tão fácil filtrar online o próprio ponto de vista, as opiniões extremadas dominam a discussão. Os moderados ficam sub-representados, de modo que os cidadãos que buscam um sistema de saúde melhor parecem menos numerosos que os fãs de pôquer. A imagem de abertura e igualdade da internet camufla suas desigualdades de raça, geografia e idade.

As mentiras se espalham como fogo na web. Eric Schmidt, presidente executivo do Google, advertiu em outubro passado que se os grandes veículos do jornalismo confiável morrerem, a internet se tornará uma "cloaca" de informações ruins. A Wikipedia pretende dar um toque de edição - lembram-se da edição? - em artigos sobre pessoas vivas. O mais ameaçador talvez seja que a abertura da internet permite a grupos bem organizados simularem ter apoio para "capturar e personificar a voz pública", como escreveu Fishkin numa troca de e-mails.

Não é possível voltar no tempo. Temos hoje mais opinião pública exercendo pressão na política do que nunca. A questão é como ela pode ser canalizada e filtrada para criar sociedades mais livres e bem-sucedidas, porque simplesmente colocar coisas online não é uma panaceia. "Neste momento, a discussão não é mais se a internet é importante e se vai se espalhar ainda mais", disse Clay Shirky, teórico da internet e autor de Here Comes Everybody: The Power of Organizing Without Organizations (Aí vêm todos: o poder de organizar sem organizações). Ele acrescentou, numa entrevista telefônica: "Na verdade, ela é importante demais para ser deixada de lado nas questões constitucionais e de governança."

Há uma busca pela metáfora correta. Qual é o novo papel do governo - uma plataforma? Uma máquina de vender na qual colocamos dinheiro para tirar serviços? Um facilitador? E qual é, de fato, o novo papel para nós - os que estão esperando?

*Escreve sobre ideias na coluna Currents, do International Herald Tribune, e para The New York Times

http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,democracia-ateniense-online,438124,0.htm





Defining e-democracy

http://www.e.govt.nz/archive/resources/networks/clift-200407/chapter2.html

E-democracy is:

  • the use information and communication technologies and strategies by "democratic sectors"
  • within the political processes of local communities, states, nations and on the global stage.

e-democracy diagram

E-democracy ...

is now, what kind is it?

is accelerating "as is" politics

will promote active citizen participation only with the "e-citizen" perspective included

What is its goal?

e-democracy + citizens diagram

Manifiesto de Internet

I'm not alone


By: Marius Romila

Cómo funciona el periodismo hoy. Diecisiete declaraciones.


1. Internet es diferente.

Internet genera diferentes esferas públicas, diferentes términos de comercio y diferentes habilidades culturales. Los medios deben adaptar sus métodos de trabajo a la realidad tecnológica actual en lugar de ignorarla o desafiarla. Es su deber desarrollar la mejor forma de periodismo posible basada en la tecnología disponible. Esto incluye productos y métodos periodísticos nuevos.

2. Internet es un imperio mediático tamaño bolsillo.

La web reacomoda las estructuras de medios ya existentes trascendiendo sus antiguas fronteras y oligopolios. La publicación y diseminación de los contenidos de medios han dejado de estar atados a grandes inversiones. La autoconcepción del periodismo está —afortunadamente— siendo privada de su función de centinela. Todo lo que nos queda es la calidad periodística a través de la cual el periodismo se diferencia de la mera publicación.

3. Internet es nuestra sociedad, nuestra sociedad es Internet.

Las plataformas basadas en la web como las redes sociales, Wikipedia o YouTube se han vuelto parte de la vida cotidiana de la mayoría de las personas del mundo occidental. Éstas son tan accesibles como el teléfono o la televisión. Si las empresas de medios quieren seguir existiendo, deben entender el universo conjunto de los usuarios actuales y abrazar sus formas de comunicación. Esto incluye formas básicas de comunicación social: escuchar y responder, también conocido como diálogo.

4. La libertad de Internet es inviolable.

La arquitectura abierta de la Internet constituye la ley IT básica de una sociedad que se comunica digitalmente y, consecuentemente, del periodismo. No puede ser modificada por el mero propósito de proteger los intereses comerciales o políticos frecuentemente escondidos detrás de la ficción del interés público. Sin importar cómo esté hecho, bloquear el acceso a Internet pone en peligro la libre circulación de la información y corrompe nuestro derecho fundamental a decidir nuestro propio nivel de información.

5. Internet es la victoria de la información.

Por causa de una tecnología insuficiente, las empresas periodísticas, los centros de investigación, las instituciones públicas y otras organizaciones han sido las encargadas de compilar y clasificar la información mundial hasta ahora. Hoy en día cada ciudadano puede montar su propio filtro personal de noticias mientras que los motores de búsqueda explotan la abundancia de información con una magnitud nunca antes vista. Los individuos ahora pueden informarse mejor que nunca.

6. Internet cambia perfecciona al periodismo.

Gracias a la Internet, el periodismo puede cumplir con su rol social-educativo de una nueva manera. Esto incluye presentar la información como un proceso continuo y de cambio constante; la confiscación de la inalterabilidad de la prensa es un beneficio. Aquellos que quieran sobrevivir en este nuevo mundo de información necesitan de un idealismo rejuvenecido, con nuevas ideas periodísticas y un sentido de placer al explotar este nuevo potencial.

7. La red requiere establecer contactos.

Los enlaces son conexiones. Nos conocemos a través de enlaces. Aquellos que no los usan se excluyen a sí mismos del discurso social. Esto también aplica para los sitios web de los medios tradicionales.

8. Los enlaces retribuyen, las citas adornan.

Los motores de búsqueda y los agregadores facilitan el periodismo de calidad: elevan el hallazgo de contenido excepcional sobre una base a largo plazo y por lo tanto son una parte integral de la nueva esfera pública conectada. Las referencias a través de enlaces y menciones —especialmente aquellas hechas sin ningún consentimiento o siquiera remuneración de su creador—hacen, en primer lugar, posible la cultura misma del discurso social conectado. Ellos son, en todos los casos, dignos de protección.

9. Internet es la nueva sede del discurso político.

La democracia prospera con la participación y la libertad de información. Transferir la discusión política desde los medios tradicionales hacia la Internet y expandirse en ésta discusión involucrando la participación activa del público es una de las nuevas tareas del periodismo.

10. Hoy libertad de prensa significa libertad de opinión.

El artículo 5 de la Constitución Alemana no comprende derechos de protección para profesiones o modelos de negocio técnicamente tradicionales. La Internet invalida los límites tecnológicos entre el amateur y el profesional. Esta es la razón por la que el privilegio de la libertad de prensa debe aplicar para cualquiera que desee contribuir al cumplimiento de las obligaciones periodísticas. Cualitativamente hablando, no debería existir diferencia alguna entre periodismo remunerado y no remunerado, sino entre periodismo bueno y periodismo malo.

11. Más es más – nunca la información es demasiada.

Había una vez instituciones tales como la Iglesia que priorizaban el poder por encima de la conciencia personal y alertaban sobre un flujo de información sin filtros cuando la imprenta fue inventada. Por otro lado estaban los panfleteros, enciclopedistas y periodistas que probaron que más información conduce a más libertad, tanto para el individuo como para la sociedad en su conjunto. Al día de hoy, nada ha cambiado al respecto.

12. La tradición no es un modelo de negocio.

Se puede hacer dinero en Internet con contenido periodístico. Existen muchos ejemplos de esto actualmente. Sin embargo, a causa de que la Internet es altamente competitiva, los modelos de negocio tienen que ser adaptados a la estructura de la red. Nadie debería intentar fugarse de esta adaptación esencial diseñando políticas destinadas a preservar el status quo. El periodismo necesita abrir competencias para las mejores soluciones de refinanciación en la red, junto con el coraje de invertir en la implementación multifacética de estas soluciones.

13. El Copyright se vuelve un deber cívico en la Internet.

El derecho de reproducción es la piedra angular fundamental de la organización informacional en la Internet. Los derechos de los creadores para decidir el tipo y ámbito de diseminación de sus contenidos también son válidos en la red. Al mismo tiempo, el copyright no deberá ser abusado como una palanca para salvaguardar mecanismos de abastecimiento obsoletos y aislar nuevos modelos de distribución o programas de licencias. La propiedad acarrea obligaciones.

14. Internet posee numerosas divisas.

Los servicios periodísticos en línea financiados a través de anuncios ofrecen contenido a cambio del “efecto-tirón”. El tiempo de un lector, espectador u oyente es valorable. En la industria del periodismo, esta correlación siempre ha sido uno de los principios fundamentales de la financiación. Otras formas de refinanciación que son periodísticamente justificables necesitan ser forjadas y evaluadas.

15. Lo que está en la red se queda en la red.

La Internet está elevando al periodismo a un nuevo nivel cualitativo. Texto, sonido e imágenes en línea ya no tienen que ser transitorios. Permanecen recuperables, y por consiguiente construyen un archivo de historia contemporánea. El periodismo debe tomar el desarrollo de la información, su interpretación y errores en consideración, por ej., debe admitir estos errores y corregirlos de una manera transparente.

16. La calidad permanece como la cualidad más importante.

La Internet desacredita los productos homogéneos en masa. Sólo aquellos que sobresalen, son creíbles y excepcionales conseguirán una audiencia estable a largo plazo. Las demandas de los usuarios se han incrementado. El periodismo debe satisfacerlas y acatar sus propios principios formulados.

17. Todos para todos.

La web constituye una infraestructura para el intercambio social superior a la de los medios masivos de comunicación del siglo 20: cuando entra en duda, la “generación Wikipedia” es capaz de valorar la credibilidad de una fuente, rastrear noticias hasta la fuente original, investigarla, chequearla y evaluarla —solos o como parte de un esfuerzo grupal. Los periodistas que desdeñan esto y no están dispuestos a respetar estas habilidades no serán tomados en serio por estos internautas. La Internet hace posible comunicarse directamente con aquellos alguna vez conocidos como destinatarios —lectores, oyentes y espectadores—y sacar provecho de su conocimiento. No son los periodistas sabelotodos los que están en demanda, sino aquellos que comunican e investigan.

Internet, 07.09.2009

http://uberblogged.com/periodismo/como-funciona-el-periodismo-hoy-manifiesto/

10.9.09

Clarice








"Não sou eu quem escrevo. São meus livros que me escrevem".




Perdoando Deus
Clarice Lispector

Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade. Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudo isso "fosse mesmo" o que eu sentia - e não possivelmente um equívoco de sentimento - que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo e reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. E assim como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre. E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo grito.
Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados, e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmesurado de ratos. Toda trêmula, consegui continuar a viver. Toda perplexa continuei a andar, com a boca infantilizada pela surpresa. Tentei cortar a conexão entre os dois fatos: o que eu sentira minutos antes e o rato. Mas era inútil. Pelo menos a contigüidade ligava-os. Os dois fatos tinham ilogicamente um nexo. Espantava-me que um rato tivesse sido o meu contraponto. E a revolta de súbito me tomou: então não podia eu me entregar desprevenida ao amor? De que estava Deus querendo me lembrar? Não sou pessoa que precise ser lembrada de que dentro de tudo há o sangue. Não só não esqueço o sangue de dentro como eu o admiro e o quero, sou demais o sangue para esquecer o sangue, e para mim a palavra espiritual não tem sentido, e nem a palavra terrena tem sentido. Não era preciso ter jogado na minha cara tão nua um rato. Não naquele instante. Bem poderia ter sido levado em conta o pavor que desde pequena me alucina e persegue, os ratos já riram de mim, no passado do mundo os ratos já me devoraram com pressa e raiva. Então era assim?, eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato?
A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto. Andando com o coração fechado, minha decepção era tão inconsolável como só em criança fui decepcionada. Continuei andando, procurava esquecer. Mas só me ocorria a vingança. Mas que vingança poderia eu contra um Deus Todo-Poderoso, contra um Deus que até com um rato esmagado poderia me esmagar? Minha vulnerabilidade de criatura só. Na minha vontade de vingança nem ao menos eu podia encará-Lo, pois eu não sabia onde é que Ele mais estava, qual seria a coisa onde Ele mais estava e que eu, olhando com raiva essa coisa, eu O visse? no rato? naquela janela? nas pedras do chão? Em mim é que Ele não estava mais. Em mim é que eu não O via mais. Então a vingança dos fracos me ocorreu: ah, é assim? pois então não guardarei segredo, e vou contar. Sei que é ignóbil ter entrado na intimidade de Alguém, e depois contar os segredos, mas vou contar - não conte, só por carinho não conte, guarde para você mesma as vergonhas Dele - mas vou contar, sim, vou espalhar isso que me aconteceu, dessa vez não vai ficar por isso mesmo, vou contar o que Ele fez, vou estragar a Sua reputação. ... mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu tinha pensado que já estava pronta para o rato também. Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. É porque só poderei ser mãe das coisas quando puder pegar um rato na mão. Sei que nunca poderei pegar num rato sem morrer de minha pior morte. Então, pois, que eu use o magnificat que entoa às cegas sobre o que não se sabe nem vê. E que eu use o formalismo que me afasta. Porque o formalismo não tem ferido a minha simplicidade, e sim o meu orgulho, pois é pelo orgulho de ter nascido que me sinto tão íntima do mundo, mas este mundo que eu ainda extraí de mim de um grito mudo. Porque o rato existe tanto quanto eu, e talvez nem eu nem o rato sejamos para ser vistos por nós mesmos, a distância nos iguala. Talvez eu tenha que aceitar antes de mais nada esta minha natureza que quer a morte de um rato. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes.




Só porque
contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza?
Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu.
Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, ele não existe.




4.9.09

Cautelosamente pessimistas em nossos diagnósticos, severamente otimistas em nossas esperanças


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Sociedade líquida
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman explica por que acredita que as instituições deixaram de ser sólidas

Alexandre Werneck

A imagem do sociólogo polonês Zygmunt Bauman usada na orelha de todos os seus livros lançados no Brasil (pela Jorge Zahar) é a de um senhor idoso de cachimbo. O objeto, que parece remeter ao tipo de intelectual tradicional que este celebrado nome das ciências sociais contemporâneas encarna, parece uma metáfora para o tom professoral do pensador. E se há uma ferramenta de que Bauman parece entender é a metáfora. A fase atual de sua obra, iniciada em 1990, quando se aposentou da chefia do Departamento de Sociologia da Universidade de Leeds, na Inglaterra, e se tornou professor emérito da casa, é composta de livros-metáfora. Ou seja, formas de traduzir em imagens (elegantíssimas) o estatuto do mundo atual, que, com um símbolo, ele chama de ''modernidade líquida'', um mundo em que as instituições não são mais sólidas, e sim fluidas, inconstantes. É assim em cada um de seus trabalhos desde então: em vez de questões teóricas gerais, ele escreve sobre estar Em busca da política ou sobre Comunidade ou sobre A globalização - Conseqüências humanas.
Amor líquido, que acaba de ser lançado aqui, segue a mesma caça por imagens. Desde 1990, Bauman lançou mais de dez livros, um por ano. Curiosamente, entretanto, ele admite uma aparente contradição, que na verdade serve como mais uma metáfora: ele parece estar seguidas vezes reescrevendo o mesmo livro.

- Estou revisando-o, ampliando-o, estendendo-o em uma espécie de círculo hermenêutico, para moldar a questão original em uma perspectiva mais ampla - diz ele, por e-mail, horas depois de pedir para a entrevista não ser por telefone por sua idade avançada ter ''começado a lhe roubar alguns sentidos''.

Mas aguçou outros, sobretudo sua visão de mundo. Se seus livros mostram genialidade na forma, é o conteúdo que fez dele um nome tão celebrado. Bauman escreve sobre o que, no mundo, inquieta todo mundo. Seu grande projeto é o de pensar a problemática da difícil convivência entre liberdade e igualdade em um planeta de fraternidade tão dificultada.

- Em nossa modernidade líquida muitas tarefas cruciais para a sobrevivência humana e para o bem-estar, antes geridas coletivamente, têm sido ou já foram desreguladas, privatizadas, deixadas nas mãos de ações individuais. Nesse processo, os cidadãos comuns ficaram prontos - forçados ou seduzidos - a encontrar soluções individuais para problemas socialmente produzidos... Mas não há solução pessoal para os problemas sociais - diz.

Pois foi por conta de interpretações como essa que ele ficou conhecido por epítetos como o de ''Profeta da pós-modernidade'', dado pelo livro de mesmo nome do inglês Dennis Smith. Imagem grandiosa, que parece negar a metáfora do cachimbo, que ele inclusive nem usa mais tanto, graças aos cuidados da esposa, Janina, companheira de 56 anos.

E essa negação parece ainda mais forte ao se pensar que ao escrever sobre amor, solidariedade, política, fraternidade, é da vida que Bauman fala. Por isso mesmo, impressiona a relação que o pensador tem com a sua própria. A começar pela modéstia:

- Sou sem dúvida o tema mais tedioso que temos a discutir.

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Entretanto, é inegável que sua vida tem um papel central em sua obra. Isso fica claro, por exemplo, na explicação de um homem à beira dos 80 anos sobre escrever tantos livros nos últimos anos, em vez de trabalhar com o tradicional modelo da ''grande obra'':

- Uma pessoa tem que ter um longo pedaço de tempo diante de si para ser capaz de planejar projetos completos e para convocar a coragem e a arrogância necessárias para esperar e então escrever ''a última'' frase. Uma vez que o meu próprio fim se aproxima, essa serenidade se torna um luxo que eu não sou capaz de me dar. Há muitas coisas que eu não entendo e suas urgências aumentam à medida que o tempo para sua compreensão diminui.

Ao mesmo tempo, sua biografia parece a base de sua bibliografia. Bauman é um judeu sobrevivente da perseguição. De várias, aliás. Na juventude polonesa, a nazista o levou para a União Soviética, onde ingressou no Exército Vermelho e quase se tornou físico. Em 1968, a comunista o demitiu de seu cargo de chefe do Departamento de Sociologia Geral da Universidade de Varsóvia. Era um marxista gramsciano mais preocupado em produzir uma versão humanista do socialismo. Exilado fora do país, tornou-se um nômade até chegar a Leeds em 1971, onde se fixou para não mais sair. Hoje, mora com Janina em uma casa em um subúrbio da cidade, de onde já disse que não se muda, também como um ato-metáfora sobre sua história:

- Já nos mudamos demais.

O casal se conheceu nos anos 20 e ele lhe propôs casamento nove dias depois do primeiro encontro. Hoje, três filhas criadas ''e encaminhadas na vida'', o papel de mãe judia que compensa a falta de tradicionalismo do pensador, fez de Janina não apenas uma escritora celebrada, sobretudo por seu livro de memórias do holocausto (Winter in the morning), mas também por sua culinária tradicional.

Essa imagem do casal de avós cercados de doces judaicos apenas reforça a impressão de que Bauman é o homem certo para escrever Amor líquido. Para ele, o sentimento, no mundo da modernidade líquida, foi vitimado por ter se tornado tábua de salvação:

- Neste mundo acelerado, em que carreiras, objetos de desejo e de medo, fama, aplausos e estilos de vida andam a passos largos, o amor (e de uma maneira mais geral a amizade) ocupa facilmente o lugar deixado vago pelas hoje defuntas utopias sociais. Ao mesmo tempo, metade dos casamentos na Inglaterra acaba antes de completar 18 meses, o que prova que temos uma relação ambivalente com essa utopia.

O livro critica o verdadeiro mercado que se formou para o aconselhamento sentimental, e o fato de que, segundo ele, os casamentos se transformaram em fonte de satisfação que, se não satisfizer, deve ser descartada. Ora, é Bauman falando sobre o que inquieta o pensamento cotidiano, mas, diferente de outros ensaístas, que perdem profundidade ao colocar os pés no chão, ele diz que encontrar a distância segura entre o leitor comum e o leitor sociológico, não é nem mais uma questão política, mas algo que define a sociologia atual.


- Creio que esta seja a única raison d'être da sociologia sob as condições da modernidade líquida. A sociologia sempre foi, conscientemente ou não, uma conversação de mão única sobre a experiência humana mundana. Mas nas circunstâncias atuais, recai sobre a sociologia a tarefa de pôr firmemente às claras as raízes sociais dos problemas sofridos individualmente.
Essa opção não só estética, mas temática, ele atribui à esposa. Se Gramsci lhe deu o conteúdo marxista e Simmel lhe deu o método, Janina lhe ensinou que a sociologia só tem sentido para ajudar a humanidade. Tanto é que foi o livro dela sobre a perseguição aos judeus que deu origem à trilogia que Bauman considera seu grande projeto: Modernidade e Holocausto, Modernidade e ambivalência e Postmodern ethics (não lançado aqui), terminada no começo dos anos 1990. Depois dela, vieram os livros mais ensaísticos, os que seriam reescritos:

Hoje, se o premiado conferencista (ganhador do prêmio Adorno de 2000 e condecorado professor emérito de Leeds e da Universidade de Varsóvia do ano passado) falar sobre esses temas em locais diferentes como Berkeley, Yale, Camberra ou Copenhague é preciso enfrentar uma grande concorrência, sobretudo na Grande Europa, onde ele é sem dúvida mais amado que na Inglaterra, onde é menos habitué dos círculos acadêmicos, depois de sua ruptura pública com Anthony Giddens, o maior nome da academia britânica e guru teóricos da ''terceira via'' de Tony Blair, da qual Bauman, sangue socialista nas veias, quer distância.

E se lê o mundo como um dicionário de signos, ao mesmo tempo, o pensador não se furta a falar dele de maneira aberta. Sobre a questão palestina, que ele define como um dos mais falados e menos entendidos problemas de nosso tempo, o fato de ser judeu não parece abrir nenhum espaço para ser tendencioso e que revela um pragmatismo curioso em um cientista social, mas fala muito sobre alguém que já viu desgraças de perto:

- Procurar pela ''explicação'' do que acontece na Palestina é um erro. Apenas acrescenta combustível àquela fogueira, sugerindo ''razões válidas'' para a continuação da crueldade de lado a lado. Questões como ''quem começou?'' ou ''por quê?'' tornam-se irrelevantes, porque hoje o conflito possui uma lógica própria, independente de suas origens.

Essa maneira de pensar tem sido chamada por alguns de pessimismo centro-europeu que o autor teria trazido. Para ele, entretanto, não se trata mais de ser apenas otimista ou apenas pessimista:

- Acho que devemos ser (cautelosamente) pessimistas em nossos diagnósticos, mas (severamente) otimistas em nossas esperanças.

http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernob/2004/07/19/jorcab20040719001.html