8.7.12

La délicatesse


A delicadeza do amor, filminho francês perfeito para um domingo chuvoso… (Publicado com o Instagram)


Detachment



Detachment, belo filme com Adrien Brody (Publicado com o Instagram)
Detachment, belo filme com Adrien Brody

http://www.imdb.com/title/tt1683526/

Quase ao acaso



Cama, mesa, banhos com você (Publicado com o Instagram)
Cama, mesa, banhos com você (Publicado com o Instagram)
Sábados (Publicado com o Instagram)
Sábados (Publicado com o Instagram)
Humaitalandia … (Publicado com o Instagram)
Humaitalandia … (Publicado com o Instagram)
A casinha de Carmencita, a espanhola de Jerez (Publicado com o Instagram)
A casinha de Carmencita, a espanhola de Jerez (Publicado com o Instagram)
Esperando Dorothy no Mágico de Oz (Publicado com o Instagram)
Luzes do inverno (Publicado com o Instagram)
Luzes do inverno (Publicado com o Instagram)
A vida das coisas (Publicado com o Instagram)
A vida das coisas (Publicado com o Instagram)

Contramão… (Publicado com o Instagram)
Contramão… (Publicado com o Instagram)
Criaturinhas de Gervasio (Publicado com o Instagram)
Criaturinhas de Gervasio (Publicado com o Instagram)

A saída, baby, onde fica a saída ??? (Publicado com o Instagram)

A saída, baby, onde fica a saída ??? (Publicado com o Instagram)
Botafogos (Publicado com o Instagram)
Botafogos (Publicado com o Instagram)
Luzes do Rio (Publicado com o Instagram)
Luzes do Rio (Publicado com o Instagram)
O canto da cidade (Publicado com o Instagram)
O canto da cidade (Publicado com o Instagram)
Delírio tropical (Publicado com o Instagram)
Delírio tropical (Publicado com o Instagram)
Inverninho carioca ll (Publicado com o Instagram)
Inverninho carioca ll (Publicado com o Instagram)
Existe um lugar: Bastille (Publicado com o Instagram)
Existe um lugar: Bastille (Publicado com o Instagram)


Sinal verde pra magya (Publicado com o Instagram)
Sinal verde pra magya (Publicado com o Instagram)

Magya (Publicado com o Instagram)
Divindades do teatro. Auika! (Publicado com o Instagram)
Divindades da Praça XV (Publicado com o Instagram)
 (Publicado com o Instagram)

2.7.12

Carta de Amor (Paulo César Pinheiro) Textos de Maria Bethânia


Não mexe comigo
que eu não ando só
eu não ando só
que eu não ando só
Não mexe não
Não mexe comigo
que eu não ando só
eu não ando só
que eu não ando só

Tenho zumbi, besouro, chefe dos tupis. Sou tupinambá. Tenho os erês, caboclo boiadeiro, mãos de cura, morubixabas, cocares, arco-íris, zarabatanas, curare, flechas e altares. A velocidade da luz no escuro da mata escura, o breu, o silêncio, a espera… Eu tenho Jesus, Maria e José, todos os pajés em minha companhia. O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos. O poeta me contou.

Não mexe comigo
que eu não ando só
eu não ando só
que eu não ando só
Não mexe não
Não mexe comigo
que eu não ando só
eu não ando só
que eu não ando só

Não misturo, nao me dobro. A rainha do mar anda de mãos dadas comigo. Ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim. É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo, garante meu sangue e minha garganta. O veneno do mal não acha passagem. No meu coração, Maria acende sua luz e me aponta o caminho.

Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã. Giro o mundo, viro, reviro. To no reconcavo, to em Fez. Voo entre as estrelas, brinco de ser uma. Traço o Cruzeiro do Sul com a tocha da fogueira de João menino. Rezo com as 3 Marias. Vou além. Me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas. Durmo na forja de Ogum. Mergulho no calor da lava dos vulcões, corpo vivo de Xangô.

Não ando no breu…
Nem ando na treva…
É por onde eu vou
que o santo me leva
Não ando no breu…
Nem ando na treva…
É por onde eu vou
que o santo me leva

Medo não me alcança, no deserto me acho. Faço cobra morder o rabo, escorpião virar pirilampo. Meus pés recebem bálsamos: unguentos suave das mãos de Maria, irmã de Marta e Lázaro, no oásis de Bethânia. Pensou que ando só? Atente ao tempo. Não começa nem termina, é nunca,  é sempre. É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o rei equilibra. Fulmina-me justo. Deixa nua a justica.

Eu não provo do teu fel
Eu não piso no teu chão
E pra onde você for
Não leva meu nome não
E pra onde você for
Não leva meu nome não
Eu não provo do teu fel
Eu não piso no teu chão
Pra onde você for
Não leva meu nome não
E pra onde você for
Não leva meu nome não

Onde vai valente? Você secou. Seus olhos insones secaram. Não veem brotar a relva que cresce livre e verde, longe da tua cegueira. Seus ouvidos se fecharam a qualquer música, a qualquer som. Nem o bem nem o mal pensam em ti. Ninguem te escolhe. Você pisa na terra, mas nao a sente, apenas pisa. Apenas vaga sobre o planeta. E já nem ouve as teclas do teu piano. Você está tão mirrado que nem o diabo te ambiciona. Não tem alma. Você é o oco do oco do oco do sem-fim do mundo.

O que é teu já tá guardado
Não sou eu que vou lhe dar,
não sou eu que vou lhe dar,
não sou eu que vou lhe dar.
O que é teu já tá guardado
Não sou eu que vou lhe dar,
não sou eu que vou lhe dar,
não sou eu…

Eu posso engolir você, só pra cuspir depois. Minha fome é matéria que você não alcança. Desde o leite do peito da minha mãe até o sem-fim dos versos, versos, versos, que brotam no poeta em toda poesia, sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de Caymmi. Se choro, quando choro, minha lágrima cai é pra regar o capim que alimenta a vida. Chorando eu refaço as nascentes que você secou. Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio.

Vivo de cara pro vento, na chuva. E quero me molhar. O terço de Fátima e o cordão de Ghandi cruzam meu peito: sou como a haste fina, que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta.

Não mexe comigo
que eu não ando só
eu não ando só
que eu não ando só
Não mexe não
Não mexe comigo
que eu não ando só
eu não ando só
que eu não ando só
Não mexe comigo…