16.11.14

2 X Saint Laurent

Em maio deste ano assisti ao filme Yves Saint Laurent, dirigido por Jalil Lespert. Gostei, apesar um certo tom de biografia chapa-branca, sob o aval do marido de Saint Laurent, Pierre Bergé.
Aliás, o peso da personagem “Pierre Bergé” é quase tão grande quando o de “Yves Saint Laurent”.

Restrições à parte, o filme de Lespert permite uma aproximação tocante com a história de Yves Saint Laurent. E Pierre Niney com Saint Laurent está deslumbrante.

Hoje vi o segundo filme sobre Saint Laurent, dirigido por Bertrand Bonello. A comparação é inevitável. Trata-se uma leitura nada linear da vida de Saint Laurent com menos presença de Bergé. O fato de ter assistido o primeiro filme certamente permitiu-me transitar com certa facilidade nessa não linearidade do segundo.


Além de um roteiro melhor trabalhado, o filme de Bonello parece mergulhar um pouco mais na fragilidade de Saint Laurent. Gaspard Ulliel interpreta belamente Saint Laurent, mas sem o alcance de Niney. Jérémie Renier faz o que pode com o Bergé que lhe cabe e, talvez, pela dimensão do personagem nessa versão, perde ligeiramente para o Bergé de Guillaume Gallienne.

Os anos 70 são um personagem do Saint Laurent de Bonello. Intencionalmente ou não, dois ícones do cinema europeu dessa década estão presentes: Dominique Sanda (mãe de Saint Laurent) e Helmut Berger (Saint Laurent na velhice).


No mais, sem deixar de reconhecer os méritos de ambos os filmes, espero ficar um bom tempo sem ver filmes sobre gays emocionalmente frágeis (sim, existem tanto quanto há heteros frágeis), geniais, talentosos, regados a álcool, drogas e que sofrem muito ao som de Maria Callas.