27.7.07

Pindorama

Briga do outro mundo entre médium e agência espacial
AEB é criticada por pedir ajuda

Bernardo Mello Franco

BRASÍLIA. O pedido de ajuda ao além para limpar o céu sobre o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão fez choverem críticas à Agência Espacial Brasileira (AEB). Procurada por uma servidora para afastar as nuvens que adiaram sete vezes a decolagem do foguete VSB-30, a médium Adelaide Scritori, da Fundação Cacique Cobra Coral, irritou-se com o desmentido oficial da agência, publicado terça-feira na seção Cartas dos Leitores do GLOBO.
Ela informou que a funcionária passou a sofrer pressões após a divulgação do contato e prometeu enviar ofício ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionando o uso de recursos públicos no programa espacial.
— O país ainda carece de um sistema aeroportuário e ferroviário seguro e confiável — justificou, por e-mail. Em entrevista ao jornal da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, o pesquisador Alberto Passos Guimarães, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, afirmou que “a imagem da AEB fica prejudicada se, na busca do domínio da tecnologia espacial, em lugar da capacitação técnica e de mais investimentos, fazemos apelo a médiuns ou videntes”.
Na contramão do físico, o presidente da Biblioteca Nacional, Muniz Sodré, publicou artigo no “Observatório da Imprensa” denunciando o que chamou de hipocrisia de políticos, da classe média e da imprensa contra fenômenos esotéricos.
É muito fácil ridicularizar essas entidades. Adelaide está há muitos anos na vida brasileira, mas a classe média tem preconceito contra o que foge à racionalidade científica — disse Sodré, que condenou o desmentido da agência espacial. — Se não queriam divulgação, que não pedissem ajuda à médium.
Cliente da fundação, o prefeito Cesar Maia divulgou, em seu ex-blog, um relatório sobre supostas intervenções climáticas durante os Jogos Pan-Americanos. O GLOBO noticiou o pedido de ajuda da AEB após confirmar a informação com duas funcionárias da agência e com a fundação. A AEB foi procurada ontem para comentar as críticas, mas não respondeu.

O Globo, 27 de julho de 2007











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